sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Um Tablet, um Capuccino e a Flor


Escuta, você quer parar de entortar meu pescoço?
Oi, desculpe?
A senhorita passa para lá e para cá, depois a gente fica com torcicolo e nós homens que somos sem juízo.
E por que você fica me encarando?
Eu? Ora, que absurdo, é algo fisiológico. É você que me fica tirando a concentração!
É? E do que?
Em observar as flores.
Flores? E que flores?
Dessa mesa não dá para ver, venha mais aqui.
Ainda não vejo.
Ainda está longe.
Acho que vi, mas o que que tem de mais?
Tem que eu as não conheço. Conheço muito de muitas coisas no mundo; das flores não sei sequer os nomes, apenas de onde as vejo e isso me atrai.

E no Tablet, o que vê?
Isso não importa.
Ligado e em um site de notícias
Pelo charme. Acordar de manhã, caminhar de guarda-chuva, parar na cantina com um tablet e um cappuccino ou uma TV na parede e um café. Talvez o resultado do jogo que já ou não assisti, talvez as vinícolas do sul, quem sabe o que se passa na TV, pela manhã é tão surpresa. Aceita?
Retribuiria se contasse o nome da flor?
Contudo a flor é aquela, ainda não a vê?
Sim, mas...
Então não precisa do nome.
E se quiser encontra-la?
Já a encontrou e já a guarda em recordação. Decerto não seria a mesma, os nomes não vêm acompanhado da cor ou da umidade do dia. Capuccino?
Talvez.

(continua)