terça-feira, 23 de julho de 2013

Nevava no sul do Brasil,

Aqui batia um vento leve e frio,
é julho das férias, das crianças e suas pipas
toco flauta na cama à noite, em frente ao computador
Fairy Tale é a canção, mas agora ouço Dominguinhos
A música me viera no dia em que ele foi compor no céu
Pela tarde brinquei com meu cachorro
E ele corria feliz pelo quintal
(e pela casa toda é certo)
Mas principalmente ali no quintal
No leve e frio vento de inverno
Minha mãe costurava, tentava se acertar com um zíper
Após termos ido algumas vezes aos Campos Elíseos para comprá-lo
Meu pai chegou à tarde
E fomos ao Morro de São Bento
(no alto da cidade)
Construções antigas, esculturas,
Um Cristo no alto da torre
E uma biblioteca
Livros antigos, de todos os tipos
Livros espíritas,
Livros sobre a história da cidade
E em um em especial,
Abro, vejo uma telefonista nos anos 70
Refotografo
Sou apaixonado por aquela telefonista
“Tô com saudade de tu, meu desejo
Tô com saudade do beijo e do mel
Do teu olhar carinhoso
Do teu abraço gostoso
De passear no teu céu
É tão difícil ficar sem você
O teu amor é gostoso demais
Teu cheiro me dar prazer
Quando estou com você
Estou nos braços da paz”
A telefonista era sósia dela
Quem sabe não foi uma parente,
Ou talvez em todas as mulheres eu veria seu rosto,
Gosto de fotos antigas da cidade,
Gosto da cidade,
Do Alto do São Bento,
Da Nove de Julho,
Fomos lá perto doar sangue
(meu pai, eu não tenho essa coragem)
E joguei um pouco no celular antes da bateria acabar,
Ah, antes havíamos tomado café em casa,
Pão com mantega
(o cãozinho também com um pão, para brincar, jogando para cima, rodopiando)
E um beija-flor entrou na sala de costura
E ficou a sobrevoar por bastante tempo
Agora escrevo o texto,
E voltarei para a flauta
Para tocar o Fairy Tale
E lembrar desse conto de fadas real,
Desse dia puro, em casa
Minha casa,
Ribeirão Preto.