sábado, 31 de julho de 2010

Além da fotógrafa


  Já tem algum tempo que comecei a supor que posso levar certa dificuldade em acertar a idade de mulheres, mas garanto, caríssimo leitor, que aquela linda mulher de longos, e bem longos, e lisos, e bem lisos, cabelos pretos, e bem pretos, não teria mais que vinte e um anos, embora todo seu traje profissional, que não pôde esconder sua sensualidade, aparentasse ser a mais eficiente e experiente da grande e noturna cidade de Ribeirão Preto, da velocidade de São Paulo com o tempero das Minas Gerais.
   Naquela noite, todos os holofotes apontavam para o novo, principal e mais belo prédio da mais bela avenida, ao qual eu denomeio Empire. E, logo em frente, na rua marginal, no buffet infantil, por que aquela fotógrafa cobria outro evento?
   Ela é perfeita demais para... ou talvez por ser perfeita demais, se é que a perfeição admite advérbios, fotografava o aniversário dos jovens príncipes, assim os chamo devido ao tratamento que recebem em sua festa na altíssima sociedade.
   Todavia, ela parecia-me triste, diria decerto ser apenas um resfriado; mas, caríssimos leitores, algo teria ocorrido, algo como discussão com o namorado, decepção profissional; esbanjava felicidade com as fotos, mas parecia não querer estar lá. Quem era ela de verdade? Extremamente sensual, mas do lado certo das câmeras?
   Caríssimo leitor, do lado certo das câmeras! Misteriosa, despercebida e a mais bela da festa, não apenas de uma festa infantil, mas de qualquer festa em que estivesse a trabalho. Perto dela, qualquer homem é um moleque de catorze anos tentando descobrir algo sobre mulheres em sua primeira festa longe dos pais. Não fale com ela, você irá gaguejar; contudo, não planeja milimétricamente seus passos, ela irá saber, ela conhece os homens, ela conhece seus passos, ela conhece todas as imagens, ela brinca com as imagens Toda glória a quem conquistar a fotógrafa.
   Mas quem ela é além da noite? Porque me parecia triste? Esconde outros desejos, esconde outra mulher?
   Fique com Deus, bela mulher misteriosa e até a próxima oportunidade. 

Imagens: liviasabenca.wordpress.com: Holofotes em Toronto / DeviantART: Nikon Addicted by ~BitterMuffin / Nikon Gal by ~MadamDove / Fotografia by ~in-somni

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Obsessão urbana

  -Por que tanto confessar sendo inocente?
   -Fui eu.
   -Droga, será que não dá para falar outra coisa, tento-te ajudar!
   -Fui eu. - E correu na direção da porta lateral que se abria dentro da delegacia da polícia federal da cidade de...
   Conversavam o casal de guardas atrás do vidro. Ele foi encontrado na Anhanguera e desde então só dizia aquilo. Havia também uma estrada de terra perto dali, onde três dias depois encontraram o artefato.

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   -Hoje é o melhor dia da minha vida, dizia Cecília a cada dia entre os três meses que conviveu com...
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   Foi de repente que Carlos decidiu partir; levou apenas uma mochila de uns dez litros na garupa da motobilete; dias depois ainda soube de um convite de emprego em Rondônia, pensou, mas não se arrependeu de escolher uma cidade longe, mas não longe o suficiente de Ana Beatriz.
  Ao chegar a Santa Luzia de Minas Gerais se perguntou finalmente o que estava fazendo lá; resolveu voltar; mas nem tanto. Exagerou no jantar, ainda que sozinho, em um belíssimo restaurante indiano em BH e viu que não teria mais dinheiro, pois cancelara sua conta no banco antes de partir.
   É difícil sumir hoje em dia; você conseguirá recuperar sua conta em outra cidade dentro do Brasil e o orkut não permitirá que você deixe alguém; pode ser que, involuntariamente, estará digitando o endereço dela no twitter.
    Quis uma cidade grande, ocupado o suficiente para se preocupar com as notícias do mundo, mas perto quando decidisse voltar, encontrou Hong Kong na internet, escolheu Londrina no Paraná.


    Conseguiu um emprego, afinal, Carlos era renomado na área, também fez um curso por três meses na UEL. Passou o natal na cidade e também suas primeiras férias, recusou doze mulheres, dois pedidos de namoro e uma oferta para trabalhar em Cuiabá. Também recusou o taxi e voltou a pé da PUC ao cambezinho, vendo-se no aeroporto, disposto a não voltar.
    Mas quando faria um ano que mudara de vida, soube que desta vez ela quem partiria. Noite difícil, assistiu sozinho na penúltima fila da igreja ao casamento mal contado de Cecília e, ao procurar por Ana Beatriz, chegou a dar pequenos socos em seu próprio rosto quando noticiado que esta viajaria para Londres, não em intercâmbio de seis meses como pretendia, mas para testemunhar a favor de Marcos, por falsificação de um famoso quadro de artista espanhol. Vasculhou uma meia hora até descobrir que se tratava de seu noivo.
   No entanto, Marcos não liderava a gangue, foi influenciado por seu amigo e quase chará, um certo Mark Oliver, a guiar o segundo furgão, o primeiro e único a ser apreendido, sem quadro, apenas com os dois latinos do bando.

   A neblina naquela manhã pareceu mais alaranjada que o costume, Ana Beatriz estaria desesperada. Carlos sempre considerou que o que ele havia feito havia sido pior: nada, nada fez por Ana Beatriz, por sua felicidade e acreditava que ela realmente sabia amar.
   Googou por Marcos; não era só Marcos, era Marcos Alexandre, arquiteto urbanista,  ou qualquer coisa mais atenta que Carlos.
   Carlos também tinha amigos conhecidos em Londres, Durham, Birmingham, Reading e Oxford, inclusive doutores em artes; mas, a princípio partiu sozinho. Só, como sempre esteve. Invadiu um ou dois computadores, comprou um furgão, pintou de cinza claro.
   Ao voltar, por Guarulhos, tomou um carro pela Anhanguera até uma usina abandonada; em poucas horas Cecília o encontrou na delegacia.


 Imagens: Wikipedia (Hong Kong), br.olhares.com (Londrina), photoanswers.co.uk (Londres)

quinta-feira, 22 de julho de 2010

E hoje em dia, como é que se diz eu te amo?

   Minha segunda estada em seu pensamento serviu para alguns acontecimentos (não disse que foram bons acontecimentos): tirei-a dos braços de um grande homem e entreguei-a a um grande idiota; comemos um lanche juntos, conversamos por horas nas noites dos festivais e por muitas horas de conversas fiadas por MSN.
   Coloco o título na postagem, "Nossa história renderia um livro", de repente, ouço uma frase da música "te ver é uma necessidade"... ora, mas a música se chama "Vamos fazer um filme" e Renato Russo conversa comigo esta noite.

 Deus do céu, abro a letra da música no Terra; e vejo a frase "vamos começar de novo", mas eu digitei tal frase segundos atrás no Yahoo Respostas!

   Ouço uma nova frase da música, acho que ficará melhor como título.

"Mas a única maneira ainda
De imaginar a minha vida
É vê-la como um musical dos anos trinta
E no meio de uma depressão
Te ver e ter beleza e fantasia."

    Poxa, eu amo essa garota que já é mulher e pareço conseguir escrever algo novamente. Ela lerá?
Hoje em dia, como é que se diz eu te amo?
Eu a amo;
Ela me amou;
Ela não me ama;

O amor não é solitário.
E, se ela não me ama, é impossível "convencer" alguém a amar alguém.

E as músicas fazem sentido, os jargões fazem sentido e os clichês fazem mais sentido que os belos poemas: "se eu pudesse voltar no tempo", voltaria para aquele dia em que a conheci e não perderia novamente aquela oportunidade.

eu perdi!
É duro perder algo; principalmente quando sua vida é rodeada por conquistas, ou melhor, quando só se conhece a vitória. Alguns fatos menores já anunciavam como a perda é difícil: meu país perder a copa, por exemplo, ainda não consigo compreender. Então, quando isso acontece conosco, bem direto, bem perto...

E se eu pudesse conhecê-la de novo? "Prazer, qual é teu nome? Eu te amo".

Mas a vida não é assim (e graças a Deus as pessoas reencarnam para terem novas chances de começar do zero e evoluir seu espírito; por isso sei que nos encontraremos novamente), como eu a conheceria agora? Não estudamos no mesmo colégio, sequer moramos mais na mesma cidade. E não somos as mesmas pessoas: ela perdeu um tanto de sua graça (depois que começou a namorar o idiota), passou a adorar futilidades, é ateu; logo, que sentido faz para ela a palavar amor? O que ela entende de qualquer sentimento? Eu deixei de gostar de futilidades, eu estou virando um engenheiro e temo em perder minhas palavras, mas obrigado por ter chegado até aqui no texto. Não sou mais aquele cara popular e os acontecimentos não mais me deixam repetir diariamente "hoje é o dia mais feliz da minha vida, por saber que até hoje sempre fui feliz", pois agora, conheci algo sobre infelicidade e vivo, se a vida fosse um filme, naquela parte em que o protagoista está apagado, às vezes treinando, às vezes sofrendo, às vezes simplesmente entregue ou muito ocupado para viver! Droga.

Quem sabe o adeus e nos conhecermos novamente um dia, "prazer, qual é teu nome? Eu te amo?"

Meu Deus, Renato Russo conversa comigo esta noite; ouço agora esta música:


Perdi vinte em vinte e nove amizades
Por conta de uma pedra em minhas mãos
Me embriaguei morrendo vinte e nove vezes
Estou aprendendo a viver sem você
(Já que você não me quer mais)
Passei vinte e nove meses num navio
E vinte e nove dias na prisão
E aos vinte e nove, com o retorno de Saturno
Decidi começar a viver.
Quando você deixou de me amar
Aprendi a perdoar
E a pedir perdão.
(E vinte e nove anjos me saudaram
E tive vinte e nove amigos outra vez)

   Meu Deus, vinte e nove anos é muito tempo para ficar sem ela. Dois anos; por dois anos amou-me; por um ano e meio e por toda minha vida vou amá-la ainda que muito se transforme daquela garota que conheci naquele campeonato escolar, que conheci naquela avenida, no orkut e comunidades sobre animes... Agora eu a perdi e a fiz se perder.

   "Vou escrever seu nome num tijolo, para ver como saudade dói"

   Ouça, a música que toca agora é Epitáfio ;(

   Agora "La Solitudine",
A próxima da playlsit é "Clarrise"; não me lembro dessa;
depois: "Quando você voltar"

Será que tocará "Giz" essa noite?

 Responda essa, google.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

A Princesa Hispano Italiana do Festival

Para acompanhar a postagem, acessei o DeviantART e digito "Italian Spanish Princess"; parece que o site respondeu-me com a imagem "Tanabata Matsuri by Sekisinko".


   Embora eu não tenha aquele roupão japonês nem mesmo saiba qual seu verdadeiro nome, a imagem expressa bem minhas intenções com a postagem e, mais do que isso, meu maior objetivo. Havia uma "Italian Spanish Princess" no festival japonês na noite de ontem.

   Alguma vez seu corpo ficou leve e você volta a sentir que o ededron é macio e, na manhã seguinte, ainda mais leve com todos os seus órgãos e cada pedacinho da alma entregues a alguém?
   Os espíritas dizem que nossa alma acompanha nosso pensamento, então, caro leitor, devo dizer que ela se separou de meu corpo em definitivo e passou a viver há alguns quilômetros, mais precisamente, no bairro Monte Alegre de Ribeirão Preto e às vezes vai ao shopping, ao cursinho ou volta àquelas noites do festival japonês de quando desejei que o tempo parasse.

   Do outro lado da avenida, avistei um ponto brilhante no céu, bem alto, que atraiu a curiosidade do talvez engenheiro. Foi quando minha alma visitou minha casa por alguns segundos; tempo em que eu arremessei o brinquedo para cima do telhado e fui buscá-lo.
   E ao voltar, minha avó falava do desenho dela (da Italian Spanish Princess), exposto  na parede de seu quarto. Escrevo algo no blog, e minha alma se despede de meu corpo novamente, para que se reencontrem, desta vez, quando eu encontrar meu pensamento.

domingo, 4 de julho de 2010

Vida é...
é...
coisa besta de se pensar.
Andy e Eu temos quase a mesma idade,
quase o mesmo corte de cabelo,
quase a mesma história.

Coisa besta é o homem
que inventou o tempo,
criando seu maior inimigo ou, no mínimo, uma abscissa limitante.
Abscissa, coisa besta
coisa besta é limite.
Bonitas são as emoções
Sim, meu caro leitor, todos choraram durante aquele filme
e a Disney, esperta, pediu que assistíssemos com óculos escuros para esconder as lágrimas
(porque de 3D havia quase nada)
Silêncio no cinema.
Agora escrevo, minha vó passa um pano de prato.
Passa desde pequenininha.
"Naquele tempo era só colégio, não tinha faculdade
'quele tempo ninguém vivia sem lenço"

A música
Dizem que a música chega primeiro na alma,
depois no cérebro

E Jesus, aquele, veio pra cá, pra Terra
botar um tempero
chamado amor
nessa vida

Imagens: http://epicbattleaxe.com/eba-all-axecess-tom-salta/ e http://www.justpressplay.net/movies/movie-news/6032-what-to-take-away-from-the-qtoy-story-3q-trailer.html


Tenho um amigo soviético, disse-me uma vez algo mais ou menos assim: não tem lógica julgar Deus, por que a lógica/a ciência só consegue provar o que é lógico e Deus não vem da lógica.