sábado, 21 de julho de 2012

Despedida de Ribeirão Preto

Em minha terra palmeiras imperiais
enfileiram-se ao longo do ribeirão
Singra em sonho US Amália sem estação
na praça de Shimidt, rei dos cafezais

Aqui córrego corta o caminho do chopp
Luzes cintilam no chão céu de estrelas flamas
Em lamacentos cartéis com condutas torpes
Corruptos coronéis corroem a Câmara

Mas se um novo vendaval faz com que falais
Adeus à Catedral, Theatro e tudo mais
Relembre do passado e vá com Deus em paz

Logo então vai um engenheiro, que se despede
do amor primeiro: a luzitana Giovana
Na escola em uma Vila ribeirão-pretana



Glossário:
Singrar: velejar
US Amália: locomotiva abandonada na Praça Francisco Schmidt – Vila Tibério
Caminho do chopp: alusão ao túnel que ligaria a choperia à cervejaria
Vendaval: referência ao tornado de 1994 que marcou a história da cidade
Luzitana (com z): avenida de Ribeirão Preto

Ágata Morilla



Se possível fosse, eu mergulharia
em nossa fotografia, daquele Festival.
Tu, bela menina, que minha não seria,
mas foste por um dia o amor deste mortal

E agora o engenheiro, distante por inteiro,
só antigo companheiro de um mundo irreal
não sabe o que é lágrima, incapaz de virar a página
e esconde feito nada em aventura teatral

Fora o brilho ofuscando em doravante desengano
por opiniões, por engano em uma rede virtual.
Covarde desvairado ou um nerd abobado
outrora encantado em passado cabal.

Hoje olho para a foto de um tempo já remoto,
em instantes já denoto saudades do notório nosso festival

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Em tarde calma, treino poesia


Pensando na vida
vi-me de partida
por estrada perdida
sem saber onde chegar

fui sem despedida
por estranha avenida
aqui dentro querida
decidido a trabalhar

foi que um belo dia
decidi que usaria
outra forma de falar

usarei apenas verso
e, assim, se desconverso,
é por que não sei rimar

logo me justifico
estes versos mirifico
pondo exemplo no lugar

“lá na frente de repente
um andante vem contente
com seu dente coerente
ontem quebrado por azar”

pergunto que rima é essa
feita assim toda com pressa
não é isso que interessa
e hoje vou te explicar

rima rica deve ser
toante a se esconder
com prazer no atelier
como ouvir o som do mar

porém se assim elaboro
é por que este laboro
serve para ensinar

sábado, 14 de julho de 2012

Soneto do Pesar


Frio silente próximo à meia noite                                                    
Em meu quarto vazio de mundo estranho                                       
Acaso a graça partiu com o sol?                                                    
Ermos noturnos momentos distraem-me                                         

Caço no dia falta que não sei                                                         
Quiçá desde que seu beijo versejo                                                 
Perco-me sobre rumos e anseios                                                   
Tu, ofícios, espíritos e desejos                                                       

Tornei-me à minha amada um desatino                                          
Então tenho o dever de retornar                                                    
Num tempo que poema fosse mágica                                            

Faria deste um brado de perdão                                                   
Lembranças seriam doces, nostálgicas                                          
Jamais sinônimos de sofreguidão